As maldições do Monte Ebal e a arqueologia

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Em 2022, o Prof. Gershon Galil, do Instituto de Estudos Bíblicos e História Antiga da Universidade de Haifa, e membros da Associates for Biblical Research (ABR) alegaram ter descoberto uma tábua de chumbo do Monte Ebal, um local escavado por Adam Zertal na década de 1980. Ela continha a mais antiga inscrição em hebraico já encontrada. Depois de mais de um ano, um artigo revisado por pares apresentando parte da inscrição foi publicado na Heritage Science. Acredita-se que a inscrição, datada do final da Idade do Bronze II, seja um texto jurídico e uma maldição que invoca a divindade Yahweh. Embora a equipe da ABR considere essa descoberta significativa, que pode mudar nossa compreensão do início da história do antigo Israel, alguns pesquisadores continuam céticos quanto à presença de uma inscrição na tábua e às circunstâncias de sua recuperação e análise.

A tábua de chumbo, que mede menos de 2,5 cm quadrados, foi descoberta em 2019 durante a peneiração úmida de depósitos de solo da escavação do Monte Ebal. A parte publicada da inscrição, que consiste em cerca de 48 letras, está escrita em um estilo de escrita arcaico. O texto traduzido da inscrição amaldiçoa indivíduos e invoca o nome YHW, o que, de acordo com os pesquisadores da ABR, prova que se trata de uma inscrição hebraica antiga, pois se refere ao Deus de Israel, Yahweh.

É interessante notar que, em Deuteronômio 27:9-26, lemos sobre as maldições que Moisés ordena que as tribos de Rúben, Gade, Aser, Zebulom, Dã e Naftali pronunciem no Monte Ebal, condenando comportamentos sociais indesejáveis, como, por exemplo, amaldiçoar “aquele que perverter o direito do estrangeiro, do órfão e da viúva”, mas também há uma maldição para “o homem que fizer imagem de escultura ou de fundição, abominação ao SENHOR, obra da mão do artífice, e a puser em um lugar escondido”.

Voltando à tábua, a equipe da ABR interpreta o texto escrito ali justamente como um texto legal associado a uma cerimônia de renovação de aliança no Monte Ebal mencionada em Deuteronômio 27. Eles até propõem que essa descoberta pode indicar que certos livros da Bíblia hebraica foram escritos muito antes do que se pensava. No entanto, muitos estudiosos permanecem céticos e questionam a autenticidade da inscrição e a metodologia empregada pela equipe da ABR.

Também há preocupações sobre a procedência e a descoberta da tábua. Ela não foi descoberta durante uma escavação, mas sim durante a peneiração de detritos de uma escavação anterior. A falta de um contexto estratificado e datável levanta dúvidas, e a origem da tábua é contestada, já que a análise do metal (ainda não publicada) sugere que ela se originou em uma mina grega no final do Bronze ou no início da Idade do Ferro. Além disso, o local da escavação está sob a jurisdição da Autoridade Palestina, e as ações da equipe da ABR em relação às permissões e à exportação do objeto levantaram questões éticas e legais.

É necessário um exame e uma análise mais aprofundados para determinar a autenticidade e o significado da inscrição no Monte Ebal. O debate entre os pesquisadores continua, destacando a necessidade de uma avaliação completa da placa e de suas implicações.

Ainda assim, é interessante ver que há um ponto em comum entre o texto bíblico e a inscrição na tábua: ambos falam de uma cerimônia de maldição no Monte Ebal!


Fonte:

“You are Cursed by the God YHW:” uma inscrição hebraica antiga do Monte Ebal, Heritage Science

Crédito da imagem:

Por zstadler – Trabalho próprio, CC BY-SA 4.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=91698913

O nome divino YHW do Monte Ebal em escrita proto-alfabética desenhada por Gershon Galil

Tábua de chumbo encontrada no Monte Ebal, datada do século 13 a.C. A inscrição em hebraico antigo traz uma maldição: Amaldiçoado por Deus YHW, Você morrerá amaldiçoado, amaldiçoado, amaldiçoado, amaldiçoado, amaldiçoado.

Alamy

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